sábado, 5 de fevereiro de 2011

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Cinema No Restaurante: Nosso Amor do Passado


Essa coluna tem o intuito de mostrar filmes que possam ter passado despercebido por você. Filmes que você pega a capinha na locadora, olha, e não dá muita bola porque nunca ouviu falar, só um pequeno passo e você pode perder a oportunidade de assistir a um filme maravilhoso, que pode ( pode mesmo, viu!), mudar a sua vida.

Mas hoje eu vou ir um pouquinho mais além e falar de um filme, que é não só ótimo, mas que também vem apresentado de uma maneira diferente, totalmente única e original.

Nosso Amor do Passado, conta a estória de um casal, que durante um casamento se encontram. Aos poucos vamos conhecendo vários aspectos da vida deles, como por exemplo, o fato deles terem sido casados a muito tempo atrás e que tudo não acabou tão bem como esperado.

Enquanto a mulher ( nunca é falado o nome dos protagonistas), espera pelo seu vôo de volta para casa, eles tem uma noite a sós e muitas vão acontecer. Há muita conversa para colocar em dia, e vários pontos que o casal tem a oportunidade de explicar e/ou tentar entender, durante essas poucas horas.

Aí, você vai me falar, mas essa estória já foi contada diversas vezes, o que pode ter de original nisso?

Todo mundo que entende um pouco mais de cinema, sabe que o que difere um romance de outro e como a estória é contada, é claro o roteiro. Um roteiro bom, pode elevar qualquer estória por mais batida que ela seja, e é isso que acontece com esse filme. O roteiro é magnifico, e adoro o jeito como todos os aspectos de um relacionamento são abordados.

Quem acompanha essa coluna, sabe que eu adoro "filmes verdadeiros" e esse segue essa linha, é estranhamente bonito ver dois antigos amores, se reencontrarem depois de tanto tempo. Ver a forma como eles agem, ás vezes conversando como se fossem dois completos estranhos, e as vezes conversando como se conhecessem a séculos.

A qualidade elevada do filme também tem dois motivos: O primeiro é Helena Bonham Carter, fazendo o papel da mulher e conseguindo fazer protagonista praticamente normal, não me entendam mal, amo ela, e tenho atrás de toda a sua excêntricidade ela consegue entregar a cada personagem um toque a mais. E com a "mulher" não é diferente, embora isso seja em um nível um pouco mais aceitável para as pessoas desacostumadas com ela.

O outro motivo é Aaron Eckhart, a critica só vem prestando mais atenção nele, depois de O cavaleiro das sombras, e assisti recentemente um outro filme em que ele dá outra atuação de primeira ( Rabbit Hole). Eckhart aos poucos vai conquistando o seu território, e são filmes como esse que vão fazendo que essa subida, para o time das estrelas de Hollywood, seja finalmente realizada.

Sem contar que os dois são lindos. =P

Mas a outra coisa que torna esse filme mais memorável, e é a edição.

Enquanto uma cena está rolando, há várias câmeras gravando, ou como é o caso na maioria do filme, a mesma cena é gravada de vários pontos, para depois na edição serem efeitos os cortes necessários, mas a não ser que os dois atores fiquem no mesmo plano e sejam captados pela mesma câmera, nós dependemos da edição para vermos a cena em um todo. A maioria consegue fazer um trabalho magnifico, mas fica muito cansativo ir e voltar, imagina você assistir um filme em que a cada segundo a tela vai mudando.1 segundo: cara do Homem 2 segundo: cara da mulher 3: cara do homem. Ninguém teria paciência para isso.

Só que ao mesmo tempo, é muito mais importante em um filme como esse, aonde os protagonistas basicamente conversam, que o quadro a quadro seja bem estruturado. Mas o diretor veio com um perspectiva nova e dividiu o frame em dois. Então ao mesmo tempo podemos ver o rosto dos dois e olhar as diversas expressões.

Esse frame dividido também auxilia, a mostrar algumas cenas do passado ( geralmente fazendo uma comparação com o presente) e até mesmo mostrando cenas de um futuro não muito distante.

Além disso essa frame, ás vezes avança alguns segundos, ou atrasa em alguns segundos e faz um jogo muito legal com telespectador, que é em 3 ocasiões distintas mostra as duas ou três formas que o ator interpretou a cena, com certeza de takes diferentes.

Há a opção de assitir o filme normal, mas acredite em mim, não vai ser a mesma coisa.

Porque esse efeito dá uma sensação de liberdade e de aproximidade com o filme que não é normal.

E é incrível como uma obra de ficção pode nos fazer, reavaliar a realidade.

Muito Bem feito!

Fanny Ladeira


Próxima Sessão: Bonequinha de Luxo

Um comentário:

  1. Vou colocar na lista.
    Então é como Ensaio sobre a cegueira que não diz o nome dos personagens.
    Bjs

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Fanny Ladeira!